terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Ortopedia - resumo fraturas (conceito geral) e consolidação óssea

Definição:
Perda da capacidade do osso em transmitir carga durante o movimento, por perda da integridade estrutural.

Classificação:
Pode ser pelo mecanismo de trauma, agente do trauma, integridade do revestimento cutâneo, entre outras.
A mais usada é de acordo com a localização, em traumatismo direto -> quando a força é aplicada e ali se localiza a lesão; ou traumatismo indireto -> quando a força é aplicada em um local e é transmitida provocando a fratura em um local distante ao da aplicação da força. (Pessoa desequilibra e cai apoiando a mão. O impacto é aplicado na região palmar, mas pode transmitir-se pelo membro superior e provocar fratura no cotovelo, ombro ou clavícula).

O osso ao quebrar rompe com o periósteo causando sangramento, formando um hematoma que é contido pelas partes moles. O foco da fratura é composto pelas extremidades fraturadas, hematoma e periósteo; é aí onde se forma as reações para reparar a lesão e consolidar a fratura.
Consolidação óssea
Reação inflamatória localizada, acelerada, controlada no tempo que produz a cura de uma fratura não por tecido cicatricial, mas pela produção de tecido ósseo igual ao original.
Do ponto de vista histológico pode ser dividida nos tipos direta (primária ou angiógena) ou indireta (secundária). Ambas terminam com reconstrução endosteal e cortical, devolvendo a capacidade mecânica de condução de caga e adaptação aos esforços mecânicos. Duas condições são indispensáveis: vascularização e estabilidade.



Consolidação indireta
É aquela presente em todos os mamíferos e maioria dos vertebrados. A fratura causa lesão de vasos regionais que formam um hematoma envolvendo a fratura e gerando coagulação. Dor e instabilidade local provocam contratura muscular reflexa reduzindo a instabilidade natural da fratura, mas causa encurtamentos e desvios. Ocorre nas fraturas não tratadas. Após a estabilização e por ação dos tecidos moles vizinhos o osso manteve sua vitalidade, a partir de então surgem brotos vasculares que invadem o hematoma e trazem células pluripotentes que se transformam em fibrócitos e condrócitos gerando um arcabouço envolvendo a fratura. A medida que ocorre proliferação celular, o arcabouço se torna mais firme  e estabiliza progressiva e definitivamente a fratura, a partir dessa estabilização se inicia a produção do tecido ósseo que estabelece a integridade óssea no ponto de vista mecânico e circulatório. A remodelação termina por volta de 18 meses.

Consolidação direta
Se dá pela produção direta de tecido ósseo com recomposição da circulação e da continuidade óssea cortical e endosteal. O responsável por este processo é a osteona, uma unidade funcional caracterizada por um capilar neoformado que, a partir do osso vascularizado, avança em direção à fratura. Na sua ponta se encontra osteoclastos que absorvem o osso desvitalizado (não capilarizado), imediatamente atrás dos osteoclastos o capilar conduz histiócitos (pluricelulas) que formam osteoblastos que produz matriz osteóide e osteócitos e osso. É refeita a circulação cortical e reestabelecida a integridade óssea, esse processo dura 2 meses. A remodelação gira entorno de 18 meses.

RESUMINDO:
A consolidação indireta gera tecido fibroso e cartilaginoso para a neo-ossificalção pós fratura, já a consolidação indireta não utiliza desses meios, gerando tecido ósseo de maneira direta.

BIBLIOGRAFIA
Ortopedia e Traumatologia: princípios e prática. 4ª edição. Sizinio Herbert. Porto Alegre: Artmed, 2009: 1487
Ortopedia e traumatologia para graduação médica. SBOT 2010.

LINKS PARA ESTUDO:

Resumo de ortopedia – Métodos diagnósticos

Radiografia simples
É a primeira escolha.
As incidências podem ser em PA ou AP + Perfil + Axial – para dar noção de tridimensionalidade, no entanto esta projeção muitas vezes não pode ser obtida por dificuldades técnicas relacionadas com a anatomia do corpo humano. Apenas a patela, calcâneo e escápula podem ser vistos pela aradiografia axial.
A incidência AP permite identificar o que é medial e o que é lateral, já o perfil se é anterior ou posterior.
Se a verificação do esterno é desejada a incidência em PA é preferível.

Técnicas radiológicas especiais:
Podem ser usadas, mas a indicação deve estar correta!
São exemplos: escanograma (verifica comprimento dos membros); artrografia (contraste intra-articular), Pneumoartrografia (contraste radiopaco injetado com ar); fistulografia.

TC
Usadas principalmente na ortopedia para verificar acometimento em colunas, pelve e investigação neoplásica. Em traumatologia para averiguar fraturas pélvicas, do joelho,  cotovelo e coluna.
Demonstra bem a parte óssea.
Desvantagem: alta radiação, pouca caracterização de tecidos moles, movimentação altera a imagem e síntese (metais, placa ou parafuso) alteram a imagem.

RNM
O mecanismo envolve a produção de um alto campo magnético e outro de radiofrequência que uma vez cessado, faz com que os átomos de hidrogênio presentes na molécula de água emitam sinais que são capturados por bobinas e processados por computador. É, atualmente, o exame que mais dá detalhes das estruturas anatômicas.
 Possui alto custo, são usadas em indicações específicas: trauma desportivo, averiguação músculo esquelética, tumores, necrose vascular e patologias vertebrais.

Cintilografia óssea
Incorporação de substância radioativa pelo corpo. pode ser usado o tecnécio (Tc99) e gálio (Ga67).
Imagem hipercaptante-> tumor ósseo, fratura em consolidação, cistos ósseos e processos inflamatórios.
Imagem hipocaptante-> envolve necrose óssea
Indicação na pesquisa de lesões ósseas ocultas, particularmente de metástases.

USG
Utiliza do eco resultante do ultrassom para formar imagem. Usado para partes moles (músculos, tendões e massas tumorais). Não é invasiva, tem baixo custo, mas é examinador dependente.
Diagnostica displasia do quadril no RN.

Densitometria óssea

Tem indicações específicas: mulheres pós-menopausa, mulheres acima de 50 anos e homens acima de 60, quem está em uso de corticoterapia

Ortopedia - Resumo Semiológico

Resumo de ortopedia – Semiologia na ortopedia

Quando indicar cirurgia deve-se levar em conta: idade, sexo, profissão, personalidade e esporte praticado -> interfere diretamente no planejamento e conduta cirúrgica.


Irradiação; Ingesta de drogas; Infecção materna; Desordem genética familiar; Aberrações cromossômicas espontâneas => Malformações músculo esqueléticas (ausência parcial ou total de um membro, duplicação de partes,espinha bífida)
                                       

**Investigar e dar aconselhamento genético => Principalmente quando se tratar de crianças
 

Deformação – alterações no 1º trimestre de gestação; Deformidades – alterações no 2º ou 3º trimestre           =>        Lembrar de associações com  anormalidades em outros sistemas

Perguntar sempre sobre: idade do início dos sintomas, se foi realizado algum tratamento e qual o resultado.

Dor => semiologia da dor buscando: início, localização, gravidade e localização.

Exame Físico
Geral do corpo como um todo; Fonte da queixa e investigação de possíveis fontes de dores referidas.

Inspeção Geral
4 pontos analisados: Ossos, Partes moles, Cor e textura da pele, Cicatrizes ou fístulas.
Ossos=> alinhamento, deformidades, postura viciosa.
Partes moles => comparativo entre os 2 lados; detectar atrofias e aumento de volume.
Cor e textura da pele => avaliar presença de vermelhidão, cianose, pigmentação ou qualquer mudança.
Cicatrizes ou fístulas => decorrentes de incisões cirúrgicas ou processos inflamatórios

Palpação
4 pontos: Temperatura local da pele, Ossos, Partes moles, Dolorimento localizado
Comparar sempre os 2 lados
Aumento da temperatura => vascularização ou tumor de rápido crescimento
Ossos => contorno, alongamentos, proeminência anormal, pontos ósseos de referência totalmente modificados.
Partes moles=> músculos e articulações. Cistos, tumores, edemas, sinovites e derrames.
Dolorimento localizado => Buscar correlação com estruturas (meniscos, tendões, etc).

Aumento do volume articular -> realizar palpação cuidadosa. 3 causas possíveis: aumento do volume ósseo; derrame intra-articular; aumento da espessura da camada sinovial
Edema monoarticular quando acompanhado ou precedido de febre pode indicar infecção.
Edema crônico em 1 ou mais articulação, com duração de vários meses, em criança sem histórico de antecedentes traumáticos pode indicar doença reumática.

Mensuração
Medida do comprimento – principalmente para MMII – diferença entre os 2 membros
Medida da circunferência – comparar entre os 2 membros. Assimetria= hipotrofias musculares, aumento do volume ou alongamentos ósseos.

Mobilidade
4 pontos: ativa, passiva, dolorosa e crepitação
Comparar com membro dito normal
Limitação global do movimento articular = algum tipo de artrite
Limitação seletiva em alguma direção + mobilidade livre em outras = desarranjo mecânico da articulação.

Força muscular
É determinada contra a força de resistência feita pelo examinador.
Comparar os 2 lados

Grau da força muscular segundo Medical Research Council
0
Nenhuma contração
1
Contração apenas perceptível
2
Pouca força, apenas o suficiente para mobilizar a articulação sem a ação da gravidade
3
Vence a ação da gravidade
4
Vence a ação da gravidade, além de alguma resistência
5
Força normal

Estabilidade
Depende parcialmente: da integridade das superfícies articulares + integridade dos ligamentos
Musculatura deve estar relaxada, caso contrário mascara a instabilidade ligamentar.

Circulação periférica
Verificar cor, temperatura, textura da pele e fâneros, pulsos arteriais.

Sensibilidade
Superficial (tátil) e dolorosa -> verificar pp no seguimento afetado
Comparativo entre 2 membros
**dermátomos

Anatomia topográfica
Tronco e pescoço

Inspeção verifica se tem alguma alteração: atrofias, manchas café-com-leite, espasmos musculares, hemangiomas.

Coluna cervical

Limitação da mobilidade ativa = lesão muscular por trauma recente ou anormalidade congênita ou fibrose de ECOM.
Restrição da mobilidade = tentar mobilidade passiva suave, sem ultrapassar os limites confortáveis para o paciente.

Coluna toracolombar

Dor, espasmo nos músculos paraespinais, defeitos congênitos das colunas torácica e lombar podem restringir esses movimentos.

Para ver exames ortopédicos:

Bibliografia
Ortopedia e Traumatologia: princípios e prática. 4ª edição. Sizinio Herbert. Porto Alegre: Artmed, 2009: 1487.


quarta-feira, 20 de maio de 2015

Rins - Anatomia, Fisiologia e correlação clínica

              Rim é um órgão retroperitoneal que fica entre as vértebras L1 e L4, com aproximadamente 12 cm, peso de 150g. O rim direito é situado um pouco abaixo que o rim esquerdo, e este último possui um cm a mais que o rim direito. Ele é dividido macroscopicamente entre córtex e medula.
         Os rins possuem correlações anatômicas superiormente com o diafragma, que os separa das cavidades pleurais e do 12º par de costelas; inferiormente as faces posteriores do rim estão relacionadas com o músculo quadrado do lombo. Nervo e vasos subcostais e os nervos íleo-hipogástrico e ileolongitudinal descem diagonalmente através de suas faces posteriores. Fígado, duodeno e cólon descendente estão situados anteriormente ao rim direito. O rim direiro é separado pelo fígado pelo recesso hepatorrenal. O rim esquerdo está relacionado com o estômago, baço, pâncreas, jejuno e cólon descendente.


              Na parte medial côncava de cada rim existe o hilo renal (fenda vertical) nele a artéria renal entra e a veia e a pelve renais deixam o seio renal; a veia renal está anterior a artéria renal, está é anterior à pelve renal. Hilo é a entrada para o espaço intrarrenal (seio renal). O seio renal é constituído da pelve renal, cálices, vasos, nervos e gordura.


            Cada rim tem margem anterior, posterior, medial (côncava) e lateral (convexa), e pólos superior e inferior. Os ureteres são constringidos em três lugares: 1) junção uretero-pélvica renal; 2) onde os ureteres cruzam a margem da abertura superior da pelve; 3) durante sua passagem através da parede da bexiga urinária; estes locais são muito propensos à obstrução por cálculos uretéricos (renais).
         Córtex renal: contém glomérulos, túbulos contorcidos proximais e distais, portanto é o local de filtração sanguínea (plasma). A Medula contém: as alças de Henle e túbulos coletores que se abem para as papilas dos cálices.


        A medula renal não possui muita vascularização que é importante para mecanismos de trocas de eletrólitos durante a formação da urina; este fato explica os casos de necrose tubular aguda (Insuficiência renal) e também os afoiçamentos (anemia falciforme).

        Néfron – menor unidade funcional de um rim; classificados em corticais, medicorticais e justamedulares, localizados respectivamente na porção externa do córtex; córtex interno e na zona de transição entre córtex e medula. Produz o filtrado glomerular cujo processamento é realizado pelos túbulos renais, onde vai ocorrer reabsorção ou eliminação de sais e água, que são denominados de túbulo proximal, alça de Henle, túbulo distal e ducto coletor. O corpúsculo de Malpighi é formado pelo capilar glomerular e o envoltório da cápsula de Bowman.
       Sustentando os capilares estão as células mesangiais que, além de conter elementos contráteis e fagocitar agregados moleculares presos à parede do capilar devido à filtração, tem papel na regulação hemodinâmica intraglomerular. O endotélio do capilar glomerular tem fenestrações que não permitem a passagem dos elementos figurados do sangue. E entre o capilar e a cásula de Bowman, existe o espaço de Bowman que é o local onde se encontra o filtrado glomerular. A parede externa da cápsula forma o revestimento do corpúsculo renal com epitélio simples pavimentoso, já a parede interna apresenta células modificadas chamadas de podócitos, que formam canais alongados chamados de fendas de filtração. Na filtração glomerular o plasma atravessa três camadas: endotélio capilar, membrana basal e parede interna da cápsula de Bowman que vai determinar as propriedades de permeabilidade do glomérulo.


       Aparelho Justaglomerular é formado pelo túbulo contorcido distal em contato com o seu glomérulo e as suas respectivas arteríolas aferente e eferente. As células justaglomerulares são células epiteliais cúbicas que são modificações da porção média da arteríola aferente , são essas células que secretam renina na corrente sanguínea na luz da arteríola aferente, a renina é uma enzima que participa do SRAA e tem papel no balanço de Na+ e água, e, por meio da angiotensina II, regula o fluxo sanguíneo renal e o ritmo de filtração glomerular. Células da mácula densa se situam na parede de túbulo contorcido distal, elas estão em contato íntimo com células glanulares da arteríola aferente. O aparelho justaglomerular exerce influência na pressão e fluxo sanguíneos e no volume fluido extracelular, por meio de modificações do ritmo de filtração glomerular e da liberação de renina na circulação.
           Os glomérulos filtram 120 - 180ml/min (clearence); o filtrado cai na cápsula de Bowman e segue para os túbulos, parte dele é absorvida (1 – 3 L/dia). Nos túbulos ocorre a reabsorção tubular, não faz uso de eletrólios necessários e secreção tubular de eletrólitos k+ e H+.


        Túbulo contorcido proximal é responsável pela reabsorção de 2/3 do filtrado (água e sódio). A absorção de sódio ocorre pela via ativa pela bomba de Na+/K+  ATPase e também ocorre troca de ânions como Cl- e bicarbonato que participam do processo. É também ali que ocorre secreção de substâncias ácidas como Ácido Úrico e antibióticos.
       Na alça de Henle ocorre 25% da reabsorção do Na+ filtrado, também ocorre o mecanismo contracorrente que realiza o controle da osmolaridade. A parte descendente é permeável a água e impermeável ao soluto e a parte ascendente é permeável ao soluto e impermeável À água o que mantem o meio hipertônico, é neste pedaço da alça que o carreador Na+k+2Cl- (conhecido como NKCC2) atua.
           No túbulo contorcido distal apenas 5% de líquido e Na+ são reabsorvidos, neste local se encontram carreadores de NaCl que são inibidos por ação de tiazídicos (Hidroclorotizida), também é localizada a mácula densa onde o PTH atua e acaba por realizar a reabsorção de Ca+2.
      No túbulo coletor ocorre o ajuste fino na absorção e excreção hidroeletrolítica, sofre ação da aldosterona que provoca a reabsorção de água e Na+ e secreta k+ e H+. o filtrado chega ao túbulo coletor hiposmolar e vai se concentrando a medida que avança sobre a papila renal. Também é o local que sofre ação do Hormônio Antidiurético.


        A avaliação laboratorial da função renal é realizada através do exame de urina que vai verificar os seguintes parâmetros: pH, que normalmente fica entre 5 e 6, se a urina estiver alcalina existe a sugestão de infecção (principalmente E. coli e Klebsiella) ou uma hipervitaminose por vitamina C, se estiver ácida podem sugerir doenças renais. Bilirrubinúria sugere doenças biliares ou hemólise e a presença de Leucócitos e nitritos também sugerem infecção, no entanto é necessário lembrar que alguns patógenos não convertem nitrato em nitrito, como é o caso do Streptococcus faecalis, Neisseria gonorrhoeae e Mycobacterium tuberculosis.outros parâmetros verificados são a presença de Glicose e corpos cetônicos, hemoglobina (quando associada a ausência de hemácia sugere hemólise), mioglobina significando a presença de rabdomiólise.
        Densidade urinária geralmente varia entre 1003 e 1030 e pode estar associada ao estado de hidratação do paciente. Proteinúria quando normal varia, mas pode chegar até 150 mg/dia e cerca de 30 a 50mg são de mucoproteína de Tamm-Horsfall. O sedimento urinário pode acusar presença de células tubulares renais ou células do tipo escamosas e transicionais, o que indica ser células do trato urinário inferior. A presença de cilindros ajuda a diferenciar entre uma doença glomerular e doença do trato urinário. Os cilindros podem ser dos tipos: 1) hialino, quando há precipitação de proteína no lúmen tubular (Tamm-Horsfall); 2) epitelial, quando é formado por células epiteliais tubulares que podem se deformam e formar os cilindros granulosos; 3) cilindros leucocitários e 4) cilindros gordurosos, que indicam hipercolesterolemia.
Ainda no exame de urina pode haver a presença de cristais de oxalato (de cálcio), ácido úrico, fosfato, estruvita (fosfato, amoníaco e magnésio), esta última é associada à infecção por Pseudomonas e Klebsiella.
             Para realizar prova de função renal se faz a conta de Crockcroft, que é calculada pela fórmula:
(140-idade) x Peso/ 72xCr; se o paciente for uma mulher ou idoso o resultado ainda é multiplicado por 0,75.

              Existem ainda outros marcadores de insuficiência renal, como a cistina C e a Inulina.


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
Moore. Anatomia orientada para a clínica. 4ª edição
Aires, Margarida. Fisiologia. 3ª edição

sexta-feira, 15 de maio de 2015

EM BREVE

Estou estudando e fazendo resumo da parte de hemograma, então em breve eu posto sobre a série branca e a série plaquetária ;)

Hemograma - O que você precisa saber sobre...

O hemograma é o exame laboratorial mais requerido pelos médicos na atualidade. É pedido de maneira tão rotineira que o aluno de medicina acaba por "seguir a onda" e por requerer o exame sem que, muitas vezes, saiba o porquê e qual a finalidade de o pedir. Pensando nisso, resolvi escrever este texto para que a interpretação do hemograma possa ser melhor entendida por nós, estudantes.

Tecido Sanguíneo
Para entender melhor o hemograma é preciso primeiro saber quais são os componentes do tecido sanguíneo.
O sangue é um tecido fluido, viscoso e levemente alcalino (pH = 7,4), cuja cor varia entre vermelho escuro e vermelho brilhante e corresponde a 7% do peso corporal. É classificado como tecido conjuntivo e é composto por elementos figurados, glóbulos vermelhos (eritrócitos e hemácias), glóbulos brancos (leucócitos) e plaquetas; o componente fluido corresponde à matriz extracelular e é chamado de plasma.
Realiza o transporte de nutrientes, gases (O2 e CO2), regula a temperatura corporal, mantem o equilíbrio ácido-básico, equilíbrio osmótico dos fluidos corporais e é a via de migração dos glóbulos brancos para qualquer tecido do organismo.
Uso clínico do Hemograma!
O hemograma começou a ser usado na clínica médica em 1925 pelo médico e farmacêutico alemão V. Schilling. Este exame contém informações que, juntamente com a CLÍNICA DO PACIENTE, permite ao médico chegar à conclusões diagnósticas e prognósticas das patologias.

MAS PORQUÊ SEU USO É TÃO IMPORTANTE?
O hemograma nos permite averiguar a contagem de células no sangue periférico (hemácias - série vermelha; leucócitos - série branca; e plaquetas - série plaquetária), ainda permite realizar a contagem dos tipos leucocitários, dos valores da hemoglobina, do hematócrito e ainda o cálculo dos índices hematimétricos.

ERITROGRAMA
Avalia especificamente a série vermelha pelos parâmetros de: dosagem de hemoglobina e hematócrito, número de glóbulos vermelhos e índices hematimétricos, o que permite o acompanhamentos de anemias e poliglobulias.

Índice Hematimétrico e seus significados:
VCM -> é o volume corpuscular médio, cujo cálculo é: Ht (hematócrito)/ GV (Glóbulos vermelhos). Ele indica o tamanho da hemácia.
HCM -> Hemoglobina corpuscular média, o cálculo é: Hb (hemoglobina)/ GV. Ele é dado em picograma e fornace dados sobre a coloração das hemácias.
CHCM -> concentração da hemoglobina corpuscular média, cálculo: Hb/Ht ou HCM/VCM, e também indica a coloração das hemácias, é dado em porcentagem.
RDW -> ampla distribuição celular e indica a presença de anisocitose (diferença de tamanho entre células do sangue), é dado em porcentagem.
Ht -> Hematócrito e indica o volume de hemácias em relação ao volume de sangue total, também é dado em porcentagem. É importante destacar que o mesmo número de hemácias podem conferir valores de hematócritos diferentes conforme o grau de hidratação (ou desidratação) do paciente. Assim podemos ter valores elevados do Ht em um indivíduo desidratado que tem redução do volume plasmático; e valores menores de Ht em indivíduos hipervolêmicos.

O VCM e a Hb são parâmetros analisados para averiguar presença de anemia. O VCM mede o tamanho da hemácia; valores de VCM abaixo de 80 classificam as hemácias como microcíticas, valores acima de 95 as classificam como macrocíticas e valores entre 80 e 95 as classificam como normocíticas. (Alterações no tamanho da hemácia é definida como anisocitose).

O RDW (amplitude de distribuição do tamanho das hemácias) foi introduzido como índice de anisocitose e indica o quanto da população de hemácias se desvia do tamanho médio.

HCM e CHCM reflete a concentração de Hb presente nas hemácias (cor das hemácias). Valores de CHCM abaixo de 30% refletem hipocromia, logo a concentração de Hb está abaixo do normal.

Através destes parâmetros podemos classificar as Anemias!!


Anemias!
Na classificação hematimétrica é levado em consideração os índices de cor e tamanho.


A anemia pode ser definida laboratorialmente quando o eritrograma apresenta concentração da dosagem de Hb menor que o valor padrão para a idade e gênero.

Em caso de anemia nem sempre o CHCM é diminuído, sua diminuição é mais relacionada a  casos graves de hipocromia (como na talassemia beta maior e na anemia ferropriva grave) e sua elevação acima do índice padrão está, quase sempre, relacionado ao número elevado de eritrócitos esferócitos (como na esferocitose hereditária). RDW aumentado (além do padrão) indica anisocitose!

A Avaliação quantitativa dos eritrócitos deve ser feita seguindo a sequência: tamanho (anisocitose), forma (poiquilocitose), coloração (hipo ou hipercromia) e inclusões.

A tabela abaixo apresenta algumas alterações presentes nas anemias com os termos específicos e as principais ocorrências.



A análise do sangue pode ser realizada por uma máquina, no entanto não há como substituir o exame de esfregaço sanguíneo que permite avaliar outros parâmetros que são muito importantes para classificação das anemias.


ATENÇÃO:
Quando existe suspeita de anemia hemolítica vai aparecer no hemograma sinais de estímulo acentuado à eritropoiese, como a presença de:

  • eritroblastos circulantes
  • inclusões no citoplasma das hemácias:
           > corpúsculo de Howell-Jolly (restos de cromatina celular)
           > pontilhado basófilo (restos ribossômicos, instabilidade do RNA)
           > anel de Cabot (restos de membrana nuclear)
           > corpúsculos de Pappenheimer (grânulos contendo ferro).









Curiosidades:


Referências:
Gartner, L.P. & Hiatt, J.L. Tratado de Histologia em Cores. 2ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.
Naoum & Naoum. Interpretação Laboratorial do Hemograma.

Links para saber mais:
Ciência News
Acervo de Lâminas